PROTOCOLOS CLÍNICOS DA COOPERCLIM - AM
ABORDAGEM CLÍNICA DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NO PRONTO 1 - INTRODUÇÃO
Hemorragia digestiva Alta (HDA) é definida como sangramento do trato
gastrointestinal com origem proximal ao ângulo de Treitz (flexura duodeno-jejunal). É uma causa freqüente de internação hospitalar, envolvendo equipe multidisciplinar (clínico, endoscopista e cirurgião), com elevados recursos financeiros para o diagnóstico e sua terapia. Sua incidência varia de 50 a 150 por 100.000 pessoas por ano com uma estimativa total de gastos na ordem de 750 milhões de dólares anuais nos Estados Unidos. 2 - ETIOLOGIA (tab. 1)
Ulcera péptica Tab. 1. Etiologia da hemorragia digestiva alta.
3 - CONDUTA
A reposição volêmica deve ser iniciada o quanto antes, geralmente com soluções
cristalóides (soro fisiológico ou ringer lactato), até que se obtenham hemoderivados para restauração da condição hemodinâmica.
A transfusão sanguínea é avaliada antes mesmo dos exames complementares
(hemograma), através da descompensação cardiovascular ao exame físico (verificação do pulso periférico e a pressão sanguínea). Deve ser transfundido com concentrado de
hemácias em pacientes que apresenta manifestação de choque hipovolêmico, através da tabela de mensuração da perda sanguínea. (Tab. 2). Magnitude da Perda
Tab. 2. Mensuração da perda sanguínea.
Paciente com alterações da coagulação é transfundido com plaquetas e plasma
fresco congelado quando a contagem de plaquetas inferior a 50.000/ml ou INR > 1,5, respectivamente.
Não há evidências convincentes de que lavagem gástrica, independentemente do
líquido empregado, bem como a temperatura dele, tenha eficiência no objetivo de interromper o sangramento ou prevenir a sua recorrência. A lavagem gástrica melhora a visualização endoscópica, limpando a cavidade, mas depende da rotina de cada serviço de endoscopia.
A entubação orotraqueal pode ser necessária em alguns pacientes, principalmente
aqueles que evoluem com encefalopatia hepática ou outras condições com alto risco de aspiração (desconforto respiratório, apnéia, cianose ou rebaixamento do nível de consciência). O objetivo é proteger a vias aéreas e permitir a realização dos procedimentos diagnósticos com maior segurança.
3.5.1 - Hemorragia digestiva não varicosa:
1. Antagonista do receptor da histamina (Ranitidina, cimetidina)
Não são recomendados no manejo de pacientes com hemorragia digestiva. Vários
estudos concluíram que não há melhora estatisticamente significante quando comparados a outros fármacos ou terapia endoscópica.
2. Inibidores da Bomba de Prótons (Omeprazol)
Leva a alcalinização do pH gástrico, favorecendo a ação dos fatores de coagulação e
adesividade plaquetária. Reduz a recorrência do sangramento, com diminuição da mortalidade pelo choque hemorrágico e necessidade de transfusão, comparada com doses Standard (somente em bolus de horário).
Dose: 80mg Endovenosa em Bôlus, seguido 8mg/hora em Bomba de infusão por 72 horas
Segundo alguns fabricantes brasileiros (Cristália e Astrazeneca do Brasil Ltda) o
omeprazol tem apresentação injetavel para infusão e deve seguir as seguintes etapas:
a. Utilizar recipiente de infusão com 100 mL de solução fisiológica ou glicosada a 5%.
Retire com a seringa aproximadamente 5 mL desta solução.
b. Injetar o conteúdo retirado do recipiente de infusão no frasco-ampola de omeprazol. c. Agitar o frasco-ampola para garantir a mistura adequada. d. Retirar com a seringa a solução reconstituída do frasco-ampola de omeprazol. e. Injetar a solução reconstituída novamente no recipiente de infusão. f. Agitar o recipiente de infusão para garantir a mistura adequada.
3. Outras drogas
Eritromicina é um antibiótico macrolídeo que também possui potente propriedade
gastrocinética. Sua utilização endovenosa antes da realização da endoscopia promove o esvaziamento gástrico dos resíduos de coágulos, melhorando a visualização e eficácia do procedimento. Alem disso, pode prevenir a ocorrência de novos episódios de hematêmese e o risco de broncoaspiração. Dose: Eritromicina 250mg EV em bolus, 20 minutos antes da endoscopia.
3.5.2 - Hemorragia por Varizes de Esôfago
1. Terlipressina
É um análogo sintético da vasopressina. As evidências da literatura mostram
diminuição da mortalidade, o que não ocorreu com outras medicações. Recomendada nos casos em que o exame endoscópico pode demorar a ser realizado. Dose ataque: 2mg 4/4 ou 6/6 hs por 48hs Manutenção: 1mg 4/4 hs ou 6/6 hs por 3 a 5 dias.
2. Octreotídeo
Dose ataque: 50mcg EV em bolus Manutenção: 50mcg EV / hora em bomba de infusão Manter por 72 horas.
3. Antibioticoprofilaxia
Antibioticoprofilaxia é uma parte integral na terapia de pacientes com sangramento
por varizes esofagianas e deve ser instituída na admissão do paciente. O antibiótico deve ser prescrito em todos pacientes com cirrose (com ou sem ascite). Esse cuidado diminui as taxas de infecções bacterianas, ressangramento, progressão da encefalopatia hepática e melhora a sobrevida desses pacientes.
a. Norfloxacina 400mg VO 12/12hs por 7dias b. Ceftriaxona 1g EV 1xdia por 7dias
Alguns trabalhos sugerem que ceftriaxona é mais efetiva do que a norfloxacina na
A endoscopia é recomendada nas primeiras 24 horas. O paciente deve estar
hemodinamicamente estável. Essa observação é baseada na constatação de que o paciente hipotenso apresenta maior índice de complicações decorrentes do exame endoscópico. Nos pacientes com algum grau de rebaixamento do nível de consciência, sugere a entubação orotraqueal antes da endoscopia.
3.7 - Balão gastro-esofágico (Sengstaken-Blakemore)
O balão é alternativa eficaz de tratamento paliativo em vigência da hemorragia
digestiva massiva por varizes de esôfago, com finalidade de promover a hemostasia momentânea, por curto período de tempo (menor que 24horas devido o risco de isquemia da mucosa) e como uma ponte para tratamento definitivo (medicamentoso, endoscópico ou cirúrgico).
a. Entubação orotraqueal deve ser realizada antes da introdução do balão, para
evitar broncoaspiração e oclusão da glote após insuflação do balão esofágico
b. Lubrificar com xilocaína gel c. Introduzir pelas narinas até 50cm (dobrar o balão esofágico para melhor
d. Aspirar o conteúdo gástrico e insuflar pequeno volume de ar, auscultando no
e. Insuflar o balão gástrico (100 a 250ml) de ar (nunca colocar liquido, devido o
f. Tracionar a sonda com objetivo de impactar contra a cárdia g. Fixar junto à asa do nariz, recorrendo à aplicação de gaze enrolada em torno da
sonda para proteger o nariz, fixando com esparadrapo.
h. Insuflar o balão esofágico (30 a 40 mmHg). Liga-se a sonda ao manômetro do
i. Radiografia de controle para avaliar a posição do balão gástrico.
1. Persistência da hemorragia com dificuldade de manutenção de estabilidade
2. Falha após duas tentativas de terapia endoscópicas 3. Necessidade de transfusão de mais de seis unidades de concentrado de hemácias
3.9 - Estratificação de alto risco para ressangramento ou mortalidade
1. Idade superior a 65 anos 2. Choque 3. Estado geral comprometido 4. Comorbidades 5. Baixas taxas de hemoglobina inicial 6. Melena 7. Necessidade de transfusão 8. Sepse 9. Aumento da uréia, creatinina ou transaminases 10. Paciente hospitalizado 11. Sangramento continuo 12. Cirrose descompensada
BIBLIOGRAFIA
1. Rodrigues JG, Brescianni CJC, Santos VR. Hemorragia digestiva alta. In: Hemorragia digestiva alta: diagnóstico e tratamento. Editora Atheneu, 1-20p, 2003. 2. Andaluz P. Manejo del paciente com hemorragia digestiva alta. Disponível:
cesso em 06 de janeiro de 2009. 3. Moura EGH, Sakai P, Maluf Filho F. Hemorragia digestiva alta não-varicosa. In: Tratado de endoscopia digestiva diagnóstica e terapêutica: estômago e duodeno. Editora Atheneu, 195-208p, 2001. 4. Souza CDC, Parente JML, Lima MM, Santos OF. Hemorragia digestiva alta não varicosa. Projetos Diretrizes -
5. Barkun A, Bardou M, Marshall JK. Consensus recommendation for managing patients with nonvariceal upper gastrointestinal bleeding. Ann Interm Med, 139: 843-57p, 2003. 6. Porras JLM, Panero JLC. Hemorragia digestiva alta: etiologia y procedimientos diagnósticos. Emergências,17:S50-54, 2005. 7. Lourenço KGA, Oliveira RB. Abordagem do paciente com hemorragia digestiva alta não varicosa. Medicina, Ribeirão Preto, 36:261-65p, 2003. 8. Paes IB, Carvalho RLS, Silva MCB. HDA não-varicosa. In: SOBED -Endoscopia digestiva diagnóstica e terapêutica. Revinter, Rio de Janeiro,641-49, 2005. 9. Siqueira ES. Avaliação e medidas iniciais. In: SOBED -Endoscopia digestiva diagnóstica e terapêutica. Revinter, Rio de Janeiro,637-40, 2005. 10. Santos MSC, Brandão Neto RA, Martins HS. Hemorragia digestiva alta. In:Emergências clínicas: abordagem prática. Manole, Barueri, 2ª Ed. 810-828, 2006. 11. Margarido NF. Sistematização de atendimento ao paciente com hemorragia digestiva alta. In: Hemorragia digestiva alta: diagnóstico e tratamento. Editora Atheneu, São Paulo,31-36p, 2003. 12. Simon-Rudler MS, MASSARD J, Bernad-Chabert B, Martino VD, Ratziu V, Poynard T, Thabut D. Continuous infusion of high-dose omeprazole is more effective than standard-dose omeprazole in patients with high-risk peptic ulcer bleeding: a retrospective study. Aliment Pharmacol Ther, 25: 949-54, 2007. 13. Cristália. Produtos quimicos farmaceuticos Ltda. Omeprazol. Disponível em:
AstraZeneca do Brasil Ltda. Omeprazol. Disponível em:
http://www.astrazeneca.com.br/Produtos/losecinjetavel.doc. Acesso em: 06 de Janeiro 2009. 15. Dell'Era A, Franchis R, Iannuzzi F. Acute variceal bleeding: Pharmacological treatment and primary/secondary prophylaxis. Best Practice & Research Clinical Gatroenterology, Vol 22, Nº2, 279-94, 2008. 16. Franchis R. Evolving Consensus in portal hypertension report of the Baveno IV Consensus workshop on methodology of diagnosis and therapy in portal hypertension. Journal of Hepatology, 43: 167-76, 2005. 17. Costa Junior AB, Conrado ACC, Araújo JC, Medeiro TB, Evangelista LFL. Hipertensão portal: Atendimento na emergência da ruptura de varizes esofágicas. Projeto Diretrizes - SOBED. Acesso 06 de janeiro de 2009. 18. Fernández J, Arbol LRD, Gómez C, Durandez RS, Guarner C, Planas R, Arroyo V, Navasa M. Norfloxacin vs ceftriaxone in the prophylaxis of infections in patients with advanced cirrhosis and hemorrhage. Gastroenterology, 131: 1049-56, 2006. 19. Sakai P, Ishioka S, Ide E. Varizes do estômago e duodeno. In: Tratado de endoscopia digestiva diagnóstica e terapêutica: estômago e duodeno. Editora Atheneu, São Paulo, 229- 236p, 2001. 20. Margarido NF, Mansur R. Aplicação do balão de Sengstaken-Blakemore. In: Cirurgia de emergência. Ed Atheneu, São Paulo, 418-23p, 1993. 21. Santiago MG, Dani R. Hemorragia digestivas. Projeto Diretrizes AMB/CFM.DisponívelAcesso de 06 de janeiro de 2009.
Publikationen Originalarbeiten (1) D. Hüppe, E. Zehnter, S. Mauss, K. Böker, T. Lutz, S. Racky, W. Schmidt, J. Ul rich, I. Sbrijer, R. Heyne, A. Schober, C. John, KH. Hey, B. Bokemeyer, B. Kallinowski , B. Möl er, S. Pape, M. Gutmann, U. Alshuth, C. Niederau. Epidemiology of chronic hepatitis C in Germany- an analysis of 10326 patients in hepatitis centres and outpatient units.
Wegwijzer naar informatie over dementie Beeldmateriaal met thema dementie (en verwante thema’s) 6 aug. 2009 HBO Documentaries; The Alzheimer’s Project; Watch the Films Grandpa, Do you know who I am Clip TV France Alzheimer “Ik wil de kluts kwijt”. Grietje en Gerard van den Boomen, 60 jaar huwelijk en 13 jaar zorg [dvd] Gerard van den Boomen Hilversum